sexta-feira, 30 de abril de 2010

Norton de Matos vai treinar selecção guineense

O treinador de futebol português Norton de Matos é a partir desta segunda-feira o selecionador de futebol da Guiné-Bissau, disse à agência Lusa o director geral do Desporto guineense, Fidelis Forbs.

Segundo Fidelis Forbs, o treinador português chega esta segunda-feira a Bissau proveniente de Dacar, Senegal, e faz declarações à imprensa no aeroporto.

De acordo com a mesma fonte, os contactos com Norton de Matos tiveram início em Março.

O técnico português tem contrato até Outubro de 2011 e vai ajudar a selecção guineense a passar a fase preliminar da Taça de África das Nações de 2012

ABC a «arma de cooperação maciça» brasileira em África

Brasília - Com uma sigla que sugere o nome de um manual, a Agência Brasileira de Cooperação, ABC, tornou-se em tempo recorde no centro nevrálgico da vontade política do Palácio do Planalto e da estratégia do Itamaraty no continente africano.
Não será por acaso que a ABC ainda está instalada no complexo do Palácio do Itamaraty, nome pelo qual é mais conhecido o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, MRE. Em face ao ministério erguem-se as torres do Congresso Federal e Senado que concluem a majestosa avenida «dos Ministérios» idealizada por Óscar Niemeyer. Lateralmente, surge o novo Palácio do Planalto que alberga a presidência.

Os principais alicerces do poder político brasileiro estão assim concentrados num eixo onde discretamente emerge o «peso pesado» da cooperação brasileira, ABC, e a ponta de lança do Itamaraty em África segurada pelo Planalto.

Quando se fala de África em Brasília os responsáveis de qualquer Ministério respondem mecanicamente, e textualmente, que «o Presidente Lula definiu que a cooperação com África é prioritária para o Brasil, trata-se de um relacionamento estratégico». No entanto Marco Farani, o energético Director da ABC, realça o «calcanhar de Aquiles» da cooperação: «a Lei brasileira ainda limita muito a acção de cooperação que o Brasil pretende fornecer». Para contornar esta lacuna a cooperação brasileira é designada apenas como «cooperação técnica».

Juridicamente, o Brasil, país emergente, continua a ser encarado internamente como do Terceiro Mundo, não podendo assim fornecer cooperação, mas apenas receber. Um paradoxo legislativo que não se coaduna com o posicionamento do Brasil nas esferas do poder planetário e na dinâmica brasileira em África, bloqueando burocraticamente o salto quantitativo e qualitativo da acção idealizada no Planalto.

«É apenas uma questão de tempo para ultrapassarmos esse problema», diz Marco Farani esboçando um sorriso premonitório, «um projecto lei já está esboçado e poderá ser apresentado até ao final de 2010. Não podemos estar bloqueados por uma Lei que já não se ajusta à realidade actual.»

Os limites legislativos acabaram assim por ser um pormenor habilmente contornado pela designação de «cooperação técnica» e através parcerias com instituições e organismos externos. Mas, também aliado ao imbróglio legislativo estão as limitações orçamentais da Agência.

A ABC «gere apenas um orçamento de 70 milhões de Reais (cerca de 30 milhões de euros). Comparativamente a outros países, com fortes tradições na cooperação em África, que dispõem de orçamentos dez vezes superiores ao nosso, conseguimos fazer dez vezes mais que eles. Isto é uma realidade bem visível» sublinha Marco Farani, «fizemos uma remodelação total nos mecanismos clássicos da cooperação, implicamos todos os ministérios e desenvolvemos articulações entre as instituições e organizações. Ou seja, criamos um novo conceito de cooperação adaptado à especificidade brasileira evitando os erros dos outros.»

Desde 2003, a ABC já desenvolveu mais de 150 programas e projectos de cooperação técnica. Em 2008 cerca de 115 acções de cooperação, entre projectos e actividades isoladas, foram executadas apenas no continente africano onde se destacaram os países da lusofonia que absorveram cerca de 74 por cento do volume dos recursos da ABC. «A lusofonia será sempre uma prioridade óbvia brasileira, mas vamos alargar o nosso leque de acção e diversificar os beneficiários», avança Farani.

Acções no Senegal, Nigéria, Namíbia, Quénia, Burquina Faso, Botsuana, Chade, Mali, Marrocos e Zâmbia, assim como vários outros países, já estão em curso ou em fase de negociação. «O alargamento da cooperação brasileira depende dos países que a requerem» realça o Ministro, «no entanto, privilegiámos uma cooperação durável e não efémera e que se auto financie a médio prazo». O sucesso do projecto no Gana, onde a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) já abriu um escritório, já é uma referência com o programa de desenvolvimento de culturas para biocombustíveis, abrindo uma nova fase nas energias alternativas em África.

Neste quadro, e respondendo às solicitações dos Estados africanos, a aposta no desenvolvimento agrário tornou-se a área de excelência de acção que, além dos países citados, também já abrange todos os PALOP, Camarões, Tunísia, Argélia e Tanzânia.

Em parceria com o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), a ABC desenvolve a instalação de Centros de Formação Profissional, mas também está presente com programas nos sectores diversos como o ensino, governação, saúde, Direitos Humanos.

De uma forma autónoma, relativamente à ABC, estão dois ministérios vitais que actuam igualmente de forma determinante na cooperação brasileira em África, o Ministério da Defesa e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

Em breve a ABC vai abandonar o «Anexo I» do Itamaraty e ocupar novas instalações, maiores e mais adaptadas à sua missão, onde vão trabalhar os 120 funcionários da Agência, especializados exclusivamente em «cooperação», e até ao fim do ano devem ser reforçados com mais 50 novos elementos, confirmou Farani.

Mesmo assente num vazio legal interno, a cooperação brasileira transformou-se em poucos anos num eficaz instrumento diplomático na reconstrução da nova imagem e mutação do «jeitinho brasileiro» em potente «arma de cooperação maciça» habilmente coordenada com os objectivos estratégicos políticos e económicos internacionais do Itamaraty e do Planalto.

terça-feira, 27 de abril de 2010

S Tomé e Príncipe Governo do Príncipe admite decretar estado de calamidade por falta de chuva - 26-Apr-2010 - 21:06

O governo regional do Príncipe poderá decretar em breve o estado de calamidade caso nos próximos dias não chova na ilha, onde os agricultores se queixam de prejuízos elevados devido à falta de precipitação.


"A situação é crítica, vamos primeiro fazer um levantamento, tomar conhecimento real da situação, e logo depois pedir apoios aos nossos parceiros e ao governo central", disse o presidente do governo regional, José Cardoso Cassandra.

"A continuar assim, temos que considerar que é uma situação de calamidade natural para a agricultura aqui no Príncipe" acrescentou o governante.

Há três meses que não chove na ilha, em pleno Equador, particularmente chuvosa nesta época do ano, e os agricultores estão a somar prejuízos com a seca.

A Lusa apurou que vários agricultores se reuniram este fim de semana com o governo local para procurar uma solução para o problema.

"Apareceu a bruma seca numa altura em que não estávamos habituados. Normalmente ela só aparece em princípio de janeiro e este ano infelizmente surgiu em Março. É evidente que isto alterou totalmente as condições meteorológicas e ambientais, provocou uma redução de actividade atmosférica e ao mesmo tempo uma elevação da temperatura", explicou Silvestre Umbelina, responsável pelos serviços meteorológicos da Ilha do Príncipe.

"É verdade que essa alteração do ambiente teve algum reflexo na agricultura", acrescentou Umbelina, engenheiro agrónomo de profissão.

"Se não chover nos próximos dias, vamos ter de ficar de braços cruzados", lamentou, por sua vez, o agricultor João Sampaio.

O governo regional começa a considerar ser necessário pensar, pela primeira vez, num sistema de rega para a região autónoma do Príncipe, apesar de "ser difícil, tendo em conta a própria topografia da ilha", reconhece Silvestre Umbelina.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

FAÇAM ALGUMA COISA POR NÓS OS ESTUDANTES NO ESTRANGEIRO

Téla Nón
Email: abelveiga@voila.fr
Site: http://www.telanon.in

, Quarta-feira, 21 de Abril 2010

Brasil, 20 de abril de 2010.

Excelentíssimo senhores membro de Governo da Nação São Tomense, Sr. Presidente da Republica, Sr. Primeiro Ministro, Sr.Ministro da Educação, Srª. Ministra de planos e finanças e Srs.Deputados entre outros.
Excelência,

É lamentável a situação dos estudantes cá no Brasil, o governo não nos paga aproximadamente oito meses e a situação continua se agravando muito mais, quando deparamos com muitas contas em atraso e principalmente o aluguer da casa e a refeição que temos de fazer diariamente.

Não conseguimos entender como o governo Pode fazer uma coisa dessas principalmente a quem de Direito, sendo que a nossa estada cá como estudantes tem um objectivo e não se trata de um emigrante que ausentou do país porque pretendia a qualquer custo buscar soluções que minimizassem seus constrangimentos, mas sim alguém que assinou um protocolo com seu governo no que concernem ao pagamento de uma bolsa de estudo pelo menos no prazo de três em três meses.

Mas do que obvio isso nunca se sucedeu, encontra partida levamos seis, sete oito meses depois para receber um valor ínfimo que acima de tudo contribui para nos penalizar muito mais do que já estamos.

Não pretendemos com este artigo tecer qualquer critica aos Governantes de São Tomé e Príncipe, o principal objetivo é tentar buscar juntamente com o Governo uma solução que possa viabilizar duma vez por toda a irresponsabilidade e falta de humanismo. Temos a plena convicção de que a vossa excelência Sr.Ministro da Educação o responsável pelo controle da nossa manutenção, sabe perfeitamente a nossa situação cá no Brasil, a vossa Excelência esteve no Brasil no mês passado e averiguou quais a realidade, mas mesmo assim prefere fazer de conta que está tudo certinho…isso é cruel, isso não se faz, que tal vossa excelência se posicionar como um estudante contemporâneo e fazer uma viagem ao seu interior?

Porque vossa Excelência não siga exemplo de alguns países do PALOP que assumem a responsabilidade com seus estudantes e mostram patriotismo. É dessa forma que esperemos ver um São Tomé e Príncipe melhor?

Agora vejamos. Uma pessoa que paga aluguel no valor de 300 reais e, recebem a bolsa de 900 USD, depois de seus oito meses, tendo em conta que esse valor corresponde aproximadamente 1.500 reais, não esquecendo de materiais didáticos, transporte, saúde e alimentação.

Ao mesmo tempo reconhecendo que o salário auferido pelos nossos pais em São Tomé e Príncipe não corresponde com a realidade que lhes permitissem nos enviar algum trocado e, Vossa Excelência sabe perfeitamente, creio que o Governo deveria ser mais solidário, principalmente a quem de Direito, pelo menos nos manter informado e nos dar total atenção, quer moral, quer financeiro porque a final seremos também o servidor dessa pátria que um dia nos viu nascer… Mas pelo que pareasse, temos pessoas desumanas no comando do nosso País, não são gentes, ferem-nos e ficamos sem reputação. Bandos de arrogantes e prepotentes pensam que o país é vosso e façam que quiser. Será que o governo não consegue regularizar este subsidio e passar a nos pagar mensalmente duma vez por toda, de forma a evitar diversos constrangimentos?

Nos estudantes no Brasil não podemos trabalhar, o nível de vida tem estado a complicar a cada dia que passa e como estrangeiro não é muito bom para nos, queremos terminar o nosso curso e regressar logo, precisamos o mais breve possível que a vossa excelência Sr.Ministro da tutela faça alguma coisa em nosso favor.

Não podemos ter falta de auto-estima, isso prejudica nos estudos, mas o certo é que as coisas não têm sido fáceis, somos obrigados a atrasar no curso por não ter condições socioeconômicas financeiras suficientes para arcar com as despesas tendo em conta que um universitário precisa se reunir mínimas condições que lhe permita ter um bom desempenho acadêmico, algumas universidades ainda entra em greve, isso nos complica a vida, a situação é melancólica, Por favor, façam alguma coisa.

Sem qualquer outro assunto, aguardamos de imediato a mais alta decisão da vossa excelência.

Estudantes de São Tomé e Príncipe no Brasil

Autores:
Mateus D´alvaro
Bobe Valentin
Laura Boa Morte
Eliza de Assunção
Silmara Nunis
Mateus Abrão
Flavio Oliveira
João Botelho
Cleonice Lima

terça-feira, 20 de abril de 2010

ÁFRICA COMBATE A CRISE MELHOR QUE O RESTO DO MUNDO








Washington, 20 de Abril – África está a saber debelar melhor a crise do que o resto do mundo. O continente poderá mesmo registar um crescimento médio de 4,5 por cento, segundo as previsões do economista-chefe do Banco Mundial para África, Shantayanan Devarayan.

O mesmo responsável garante mesmo que “a década de 2010 será de África”, quando falava de Washington a jornalistas de alguns países africanos, incluindo de Moçambique, por videoconferência.

“África terá a sua oportunidade nesta década, mas precisa de criar as condições necessárias para agarrar essa oportunidade. Terá de confirmar o estatuto de melhor sítio para investimentos nos próximos anos”, sublinhou.




Num segundo momento, aspectos dessa história serão analisados. Não serão trabalhadas as relações entre grupos políticos, no caso o MLSTP (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe) - e a questão nacional.


O arquipélago de São Tomé e Príncipe é formado por ilhas vulcânicas e de grande vegetação. Foi provavelmente descoberto por João de Santarém e Pedro Escobar, os quais descobriram Tomé em 1460 e Príncipe em 1461. Há dúvidas relativas à habitação de São Tomé e Príncipe antes da descoberta, alguns estudiosos dizem que o arquipélago era habitado por “angolares”. Tais figuras, que apresentavam uma atividade simples de agricultura e pesca, serão posteriormente utilizadas para a construção da idéia nacional. Sua imagem está ligada ao ataque de engenhos.






O presente trabalho tem por objetivo compreender as questões nacional e colonial em São Tomé, mais precisamente, entender a falta de um sentimento nacional anterior à independência. Para tanto, foi basicamente utilizada a bibliografia final.

Num primeiro momento será apresentada pequena história do arquipélago, a fim de que seja possível identificar revoltas contra o colonialismo e aspectos que poderiam ter desenvolvido uma nacionalidade são-tomense. A história de São Tomé e Príncipe, assim como a história de todos os países africanos, é marcada pelos maus tratos dirigidos aos negros e mestiços.






Vários grupos humanos uniram-se para formar a população do arquipélago: europeus (em sua maior parte degredados), filhos de judeus e escravos originários da costa africana; São Tomé foi importantíssimo entreposto comercial.



Vista atual da Roça Água Izê
No período que vai de 1470 a 1485, o arquipélago era administrado pelo sistema das capitanias hereditárias. A principal cultura era a de cana-de-açucar, introduzida em 1501, tendo seu término no ano de 1822; posteriormente, foram introduzidas as culturas de cacau e fumo e o comércio de pimenta e madeira. Indubitavelmente, a ação colonizadora européia rapidamente ocupa as terras realizando um sistema de latifúndio e monocultura; em São Tomé, os grandes sítios eram conhecidos como “roças”.

A construção do nacionalismo em São Tomé e Príncipe

O presente trabalho tem por objetivo compreender as questões nacional e colonial em São Tomé, mais precisamente, entender a falta de um sentimento nacional anterior à independência. Para tanto, foi basicamente utilizada a bibliografia final.

Num primeiro momento será apresentada pequena história do arquipélago, a fim de que seja possível identificar revoltas contra o colonialismo e aspectos que poderiam ter desenvolvido uma nacionalidade são-tomense. A história de São Tomé e Príncipe, assim como a história de todos os países africanos, é marcada pelos maus tratos dirigidos aos negros e mestiços.



Num segundo momento, aspectos dessa história serão analisados. Não serão trabalhadas as relações entre grupos políticos, no caso o MLSTP (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe) - e a questão nacional.


O arquipélago de São Tomé e Príncipe é formado por ilhas vulcânicas e de grande vegetação. Foi provavelmente descoberto por João de Santarém e Pedro Escobar, os quais descobriram Tomé em 1460 e Príncipe em 1461. Há dúvidas relativas à habitação de São Tomé e Príncipe antes da descoberta, alguns estudiosos dizem que o arquipélago era habitado por “angolares”. Tais figuras, que apresentavam uma atividade simples de agricultura e pesca, serão posteriormente utilizadas para a construção da idéia nacional. Sua imagem está ligada ao ataque de engenhos.

A Ilha de Bom Bom, no Arquipélago de
São Tomé e Príncipe


Vários grupos humanos uniram-se para formar a população do arquipélago: europeus (em sua maior parte degredados), filhos de judeus e escravos originários da costa africana; São Tomé foi importantíssimo entreposto comercial.



Vista atual da Roça Água Izê
No período que vai de 1470 a 1485, o arquipélago era administrado pelo sistema das capitanias hereditárias. A principal cultura era a de cana-de-açucar, introduzida em 1501, tendo seu término no ano de 1822; posteriormente, foram introduzidas as culturas de cacau e fumo e o comércio de pimenta e madeira. Indubitavelmente, a ação colonizadora européia rapidamente ocupa as terras realizando um sistema de latifúndio e monocultura; em São Tomé, os grandes sítios eram conhecidos como “roças”.

Para o trabalho foi utilizada, em enormes quantidades, a mão de obra escrava, a qual se rebelou diversas vezes contra os desmandos do sistema colonial.

Basicamente, a sociedade sãotomense é constituída por grandes proprietários e administradores, pequenos proprietários nativos, trabalhadores rurais e, com o fim da escravidão, serviçais contratados, a enorme maioria.

Residência do Administrador da Roça Água Izê
com seus funcionários em dia de pagamento
à frente


Durante o período que se iniciou em 1501 com a exploração da cana-de-açucar, o tráfico negreiro era sobremaneira praticado, as hostilidades contra os negros eram cada vez maiores e várias revoltas ocorreram; entretanto, devido ao caráter localizado das mesmas, ao excesso de espontaneidade e à falta de organização, o colonizador sempre conseguiu conter os revoltosos. Em decorrência das grandes e violentas repressões, assim como pelo desejo de fugir da colonização e viver a própria cultura, os escravos sempre escapavam para o interior, para as florestas, onde se juntavam a outros escravos fugidos e revoltados. Muitas vezes continuavam atacando as grandes fazendas, provocando incêndios e mortes que abalavam a estrutura dos colonizadores.



Foto atual do Centro da Capital, São Tomé
Uma das mais conhecidas oposições, a mais forte delas, foi realizada por Amador, o qual se autoproclamou rei de São Tomé em julho de 1595, e seu grupo. Amador - que foi escravo de um capitão-do-mato, e em decorrência disso conseguiu aprender alguma estratégia de guerra, organizou de forma militar um enorme contingente de escravos e combateu os colonos, conseguindo libertar a maior parte do território e, inclusive, a administração colonial localizada na capital. Devido ao menor poderio bélico e à traição de alguns membros do exército, Amador foi capturado e assassinado em janeiro de 1596.


Entretanto, a derrota do rei Amador não caracterizaria o fim das resistências, as quais teriam continuidade por todos os séculos seguintes. Vale ressaltar que o incidente do rei Amador também foi utilizado na posterior construção de uma pretensa nacionalidade.


No período que vai do fim do séc. XVI ao final do séc. XVIII a economia agrícola mostra-se estagnada, porém, com a introdução das culturas de cacau e café, que prosseguem até a independência, a agricultura recebe nova injeção de vigor. Mais mão-de-obra é requerida, porém, a escravidão já não se constitui como método válido e vantajoso para os colonos. Ocorre a abolição, imediatamente seguida pela introdução do contrato do trabalho, o qual trouxe a São Tomé enormes quantidades de negros angolanos, cabo-verdianos e moçambicanos.

Empregados cabo-verdeanos da Roça Boa Entrada
(foto do começo do Séc. XX)


Não obstante, os contratados continuam desgostosos com as condições de trabalho, as quais, a bem da verdade, continuavam péssimas e só objetivavam os lucros dos colonizadores, desconsiderando os mínimos direitos dos povos submetidos. Vários movimentos contestatórios ocorrem, entre eles o de 1953, que ficou posteriormente conhecido como Massacre de Batefá. Tal acontecimento, que foi um movimento de total resistência aos trabalhos nas roças, recebeu esse nome pois aproximadamente mil revoltosos foram mortos pelos colonizadores. Aparentemente, esse acontecimento separa a revolta são-tomense em dois grandes momentos, a saber: o anterior a ela, quando as revoltas eram mais espontâneas e desorganizadas; e o posterior a ela, onde a resistência começa a ficar mais organizada e, vista a falta de uma sociedade revolucionária, toma as características de resistência cultural.



Igreja de Santana
Uma das características da colonização é tentar dar um fim à cultura do colonizado, substituindo-a pela cultura do colonizador. Em São Tomé, esse também foi um ponto. As danças e músicas tradicionais eram proibidas, não obstante, com a ajuda delas, especialmente do Congo – dança de querra que poderia incitar o povo à revolta – e do Lundum – canções metafóricas que muitas vezes escarneciam os colonizadores e o sistema colonial – começou a se forjar a idéia de nacionalidade e de unidade.

Como dito anteriormente, na falta de uma sociedade revolucionária ou de um projeto político para a independência, o projeto independentista foi baseado na oposição racial, sendo considerada (criada) uma unidade a partir de tudo aquilo que não era branco. Entretanto, tal projeto racista encobriu uma série de diferenças sociais que existiam em São Tomé, deixando de fora todo um pluralismo social. Forjou-se um sentimento identitário, de pertença a algo, encobrindo uma série de diferenças sociais em nome de uma semelhança. Em 12 de julho de 1975, quando São Tomé e Príncipe tornou-se independente de Portugal, podia-se falar em Estado São-tomense, entretanto, a nação são-tomense continuava inexistindo.


Após a anterior exposição dos fatos e de aspectos da questão colonial, passamos agora à análise que buscará mostrar que, mesmo em face de um passado colonial comum, não foi possível o surgimento de um sentimento nacional são-tomense responsável pela independência. Apesar de uma certa identidade, principalmente racial, não se pode falar em nacionalidade.


Parafraseando o que afirma Augusto Nascimento em seu texto Identidades e Saberes na Encruzilhada do Nacionalismo São-Tomense (op. cit.), recusa-se ver, nas circunstâncias que cercam as revoltas do período colonial, em qualquer reação contra as autoridades coloniais, um indício qualquer de nacionalismo, antes, eram um sinal de revolta grupal contra um inimigo comum, não a batalha de uma identidade comum contra um inimigo comum. Ou seja, as revoltas do período colonial, até mesmo o levante do rei Amador, não são revoltas que trazem algum cunho nacionalista, são revoltas contra a ordem imposta. Antes de ser de cunho nacionalista, a independência foi marcada pela conjuntura e pelo arrastamento da questão colonial portuguesa. Em 1974, já bem perto do 12 de julho, apenas uma pequena minoria tinha a independência como projeto político, mas rapidamente conseguiu apoio popular. Como dito anteriormente, esse projeto, que criava a identidade são-tomense levando em conta a oposição com a raça branca, acabava por encobrir uma diferença social entre os filhos da terra e os de outra origem. Além disso, após a independência, em vez da repartição das terras, a estrutura das roças foi mantida, traçando desse modo a estrutura da distribuição do poder no período pós-independência.



Entrada da Roça Sundy, em Príncipe
O fato de os roceiros utilizarem mão-de-obra angolana, cabo-verdiana e moçambicana nas roças são-tomenses também é um empecilho para a formação de um ideário nacional antes da independência. Por meio dessa contratação, os roceiros tentavam prevenir as contestações e as mudanças sociais nas roças, evitando a criação de uma identidade comum; os trabalhadores também tinham as suas localizações modificadas constantemente.


Sem dúvida, o arquipélago de São Tomé e Príncipe assemelha-se mais a uma sociedade colonial, ou seja, uma sociedade que se arregimenta ao redor dos valores e do poderio da metrópole, no caso Portugal. Se a semelhança fosse com uma sociedade crioula, onde ocorre maior interação-integração entre os diversos grupos, raciais e de outros matizes, ao redor de valores locais, provavelmente haveria maior crescimento relativo à idéia e sentimento de nação.

Por fim, outro aspecto que merece ser levantado é o que chamaremos aqui de “mestiçagem”, o qual foi muito bem trabalhado por Roland Corbisier em seu prefácio ao livro Retrato do Colonizado Precedido Pelo Retrato do Colonizador (op. cit.), de Albert Memi. De acordo com Corbisier, o colonizado, só existe em função do colonizador, fazendo sua imagem a oposta da dele. Entretanto, tanto colonizador como colonizado são influenciados um pelo outro, num processo constante de mestiçagem cultural. Ao negar totalmente a raça branca, forjando sua identidade num projeto racista de oposição e total rejeição ao branco, o povo são-tomense perde a oportunidade de se compreender melhor em comparação ao outro, além de, conforme dito anteriormente, encobrir uma série de diferenças sociais. Deixa de compreender seu caráter mestiço, o qual, infelizmente, ocorreu por imposição. Daí claramente se justifica o projeto de oposição racial, pois após anos de exploração, passa-se a se odiar aquele que explorou.

________________________

Bibliografia:

1) AGUIAR, Armindo: “Os Fundamentos Históricos da Nação São-tomense” in V/A: A Construção da Nação em África – Os Exemplos de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. Colóquio INEP / CODESRIA / UNITAR.

2) MEMI, Albert: Retrato do Colonizado Precedido Pelo Retrato do Colonizador. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989, 3 ed.

3) NASCIMENTO, Augusto: “Identidades e Saberes na Encruzilhada do Nacionalismo São-Tomense” in Revista Política Internacional: nº 24, outono / inverno de 2001.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A FORÇA DA CRIATIVIDADE … DIANTE DA OBSCURIDADE

Dependência total

vergonhoso estado do povo

dependência total

grito sangrento da morte

dinamismo na corrupção nacional

juramento falso perverso

no país de tiranos

que é “São Tomé e Príncipe”

Guerrilheiros da fome com morte nas mãos

brindam “ viva” no sofrimento do povo

massacrando os filhos das ilhas

sem dó pelas almas dessa Pátria imoral



Dependência total, fatal e completa

desconstruindo o progresso e a paz,

a Nação mais desgostosa da terra

com acções irracionais para com o povo



Dependência total

vergonhoso estado do

dependência total

grito sangrento da morte



Enganando, roubando e destruindo

caminhamos a passos de caranguejo

em relação aos outros povos africanos

só envergonhando a bandeira nacional



Voz do povo, nunca presente, só presente nas campanhas

geme e se perde no coro da esperança

nunca se faz ouvir na hora do perigo

só é ponte para o «enriquecer» dos vis



Dependência total

vergonhoso estado do povo

dependência total

o grito sangrento da morte

dinamismo na corrupção nacional

juramento falso e perverso

no país de tiranos

que é São Tomé e Príncipe





this is t he true stp distintive

o hino da pqtria mais desgostosa da terra...curtam ahahahahahahahahahaahahahahaaaha....

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Governo insatisfeito com qualidade do serviço das operadoras de telemóvel

O Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM) classificou hoje “abaixo do nível desejado” a qualidade dos serviços prestados pelas duas empresas de telefonia móvel que operam no país, anunciando a introdução de novos padrões de qualidade.


Segundo o director executivo do INCM, Américo Muchanga, a recorrente impossibilidade de falar por telefone móvel em Moçambique é um exemplo da baixa qualidade dos serviços prestados pelas duas operadoras que exercem a actividade no país.

Para Américo Muchanga, a infraestrutura que a mCel, operadora do Estado, e a Vodacom, firma privada de capitais sul-africanos, montaram é insuficiente para atender ao intenso tráfego nas comunicações por telemóvel que o país regista actualmente.

“As operadoras planearam a sua infraestrutura para um certo número de clientes, mas o mercado suplantou a capacidade dessa infraestrutura. Várias vezes tentámos fazer um telefonema e não conseguimos”, sublinhou o director executivo do INCM.

“Isto é sinal de que as operadoras têm capacidade insuficiente para o número de utentes de telemóvel”, acrescentou Américo Muchanga.

Para reverter a situação, disse Américo Muchanga, o INCM vai propor ao Conselho de Ministros que obrigue as empresas de telefonia móvel a respeitar novos padrões de qualidade e a modernizar a sua infraestrutura, já a partir de Junho.

“As novas exigências deverão ser respeitadas num prazo de 180 dias, após a sua aprovação pelo Conselho de Ministros, de modo a que as operadoras prestem serviços de maior qualidade”, sublinhou Américo Muchanga.

Esta semana, o Governo lançou um concurso para a selecção de um terceiro operador de telefonia móvel, que poderá entrar em actividade a partir de Outubro de 2011.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

DESCOBERTA BACTÉRIA QUE BLOQUEIA DUPLICAÇÃO DO DENGUE

Michigan, Estados Unidos, 5 de Abril - Uma bactéria que pode bloquear a duplicação do vírus do dengue em mosquitos foi descoberta por cientistas da Universidade do Estado de Michigan, nos EUA, avança o diariodigital.

A descoberta poderá ajudar no desenvolvimento de tratamentos contra a doença que ameaça cerca de 2,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo e para o qual actualmente não existe vacina.

«Na natureza, cerca de 28% das espécies de mosquitos são hospedeiros da bactéria Wolbachia, mas esse não é o caso do mosquito transmissor do dengue, o Aedes aegypti. Verificamos que a Wolbachia é capaz de parar a duplicação do vírus do dengue e, se não houver vírus no mosquito, ele não se espalhará para as pessoas. Ou seja, a transmissão da doença poderia ser bloqueada», disse Zhiyong Xi, um dos autores do estudo.

O estudo foi publicado na edição de Abril da revista PLoS Pathogens. Xi e os seus colegas introduziram a bactéria em mosquitos Aedes aegypti através da injecção do parasita em embriões.

Os investigadores mantiveram a Wolbachia em insectos no laboratório por quase seis anos, com a bactéria a ser transmitida de uma geração a outra.

Quando um macho com a bactéria cruza com uma fêmea não infectada, a Wolbachia promove uma anormalidade reprodutiva que leva à morte precoce de embriões.

Mas a Wolbachia não afecta o desenvolvimento embrionário quando tanto o macho como a fêmea estão infectados, de modo que a bactéria pode espalhar-se rapidamente, infectando uma população inteira de mosquitos. A bactéria não é transmitida dos mosquitos para humanos.

NC