quarta-feira, 12 de maio de 2010

Cuba quer construir universidade de medicina em São Tomé

São Tomé 12-05-2010 - O Governo cubano pretende construir em São Tomé uma universidade de medicina avançada, de acordo com uma proposta apresentada pelo embaixador cubano acreditado em São Tomé e Príncipe e Angola, Pedro Ross Leal. A proposta cubana foi apresentada pelo diplomata durante um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros são-tomense, Carlos Tiny. “Estamos a amadurecer um projecto para abrirmos uma escola de medicina, aqui em São Tomé”, disse Pedro Rossi Leal, acrescentando: “nós temos pouco, mas podemos repartir o pouco que temos com os outros. Essa é a nossa filosofia”.

O diplomata cubano, residente em Luanda, disse que essa universidade de medicina pode ter a comparticipação de outros países, acrescentando que terá a valência para “formar médicos para São Tomé e para o resto dos países da sub-região”.

Para as autoridades são-tomenses, o projecto é visto “com bons olhos” já que “se enquadra na política do Governo para a transformação de São Tomé e Príncipe num país de prestação de serviços”, disse uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação são-tomense (MNEC).

Segundo a mesma fonte, a execução desse projecto está prevista para médio prazo porque o objectivo é limitar o envio para Cuba de estudantes para formação em medicina e aumentar, consequentemente, o número daqueles que pretendem formar-se nessa área.

“No próximo mês de Agosto estão previstos deslocar-se para Cuba uma vintena de estudantes são-tomense para fazer medicina. Tendo uma escola aqui, podem fazer medicina 50, 60 ou 100 jovens”, disse Pedro Ross.

“Nos últimos três anos, foram abertas cinco escolas de medicina em Angola, em cinco províncias diferentes. Podemos fazer o mesmo aqui em S. Tomé”, acrescentou o embaixador.

Cuba tem atualmente a trabalhar no principal hospital do arquipélago uma equipa de sete médicos nas especialidades de cirurgia geral, pediatria, ginecologia, internamento, psiquiatria, anestesia e otorrinolaringologia.

“Quando você olha para a população de São Tomé, pergunta quem são os profissionais e técnicos que existem em São Tomé e Príncipe e chega à conclusão que a grande maioria formou-se em Cuba ou com os professores cubanos em São Tomé quando tínhamos aqui professores há mais de 30 anos”, justificou.

A cooperação com Cuba centra-se atualmente nas áreas de educação (formação de quadros) e nos domínios da saúde, onde Cuba tem vários médicos especialistas a trabalhar como cooperantes, pagos com o financiamento da cooperação taiwanesa.

“Estamos a trabalhar no sentido de alargar essa cooperação para outras áreas”, acrescentou o diplomata cubano, que aponta o turismo e a pesca como o próximo alvo da cooperação entre os dois países.

“Somos uma potência turística, recebemos 2,3 milhões de turistas por ano e podemos transmitir essa experiencia para o apoio ao desenvolvimento turístico de São Tomé e Príncipe”, explicou.

Solidariedade contra o embargo dos EUA

Enquanto isso, Cuba pediu “solidariedade dos países amigos” com vista a pressionar a administração norte-americana a levantar o bloqueio económico imposto há mais de 40 anos, disse o embaixador cubano.

“Temos uma situação económica muito séria, a nível internacional temos que dar no duro porque temos adicionalmente a crise económica mundial e o bloqueio desumano e brutal que se exerce contra o nosso país”, disse Pedro Ross Leal.

“Como sempre, temos contado com o apoio e a solidariedade de São Tomé e Príncipe na arena internacional” disse o diplomata cubano, lembrando que em Setembro próximo se realiza a Assembleia Geral das Nações Unidas, em que um dos temas em discussão será o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba.

“São Tomé e Príncipe, na voz do seu Presidente, sempre apoiou o levantamento do bloqueio imposto contra o nosso povo, contra o nosso país, contra os nossos, velhos, mulheres e crianças”, acrescentou o diplomata cubano

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